28 de outubro de 2009

A doce história de Dulce

A doçura sempre fora sua marca registrada, e deve ser por isso que recebeu o nome de Dulce.
Dulce, sempre fora amável, meiga, doce. Sua aparência lembrava um torrãozinho de açucar, cabelos loiros e ondulados nas pontas, bem claros, olhos meio azul meio verde, bochechinhas rosadas, dentes branquinhos e sorriso encantador. Parecia mais um bibelô de açúcar.
Quando criança era exemplo de educação na escola, gentil com mestres e colegas.
Crescera numa família cheia de amor e mimos. Sua mãe, Alícia, a quem Dulce devia sua beleza, era uma mulher encantadora. Professora de francês, ensinara a pequena Dulce a língua de Paris, e Dulce sonhava em conhecer a La Tour Eiffel.
O pai de Dulce, Heitor, era apaixonado pela filhinha. Fazia-lhe todos os gostos, Comprava-lhe bonecas de porcelana e lápis de cera para que a pequena desenha os seus mais belos sonhos nas folhas branquinhas que ele trazia do escritório.
Dulce crescera e se tornara uma linda mulher, e os homens da alta sociedade paulistana almejavam-na como esposa e mãe dedicada de seus filhos.
Por onde passava Dulce era galanteada, em sua casa recebia flores constantemente. Mas Dulce sabia que atrás daquelas flores com promessas de amor mentirosas se escondia a erva daninha da vaidade, e Dulce não compactuaria com isso.
Com o auxílio da tia avó Úrsula, que fora como uma avó para Dulce, posto que a mãe de Alícia havia falecido e a avó paterna morava no interior do Sul, Dulce juntava dinheiro para ir para a França.
Até que um galanteador de primeira categoria enfeitiçou a pobre Dulce e também a seu pai, em poucos meses estavam noivos.
As amigas do colégio tentavam avisá-la que o galanteador, Olavo, não valia o pão que comia. Mas não adiantava, Dulce estava apaixonada.
Foi então que percebendo o engano da sobrinha a tia Úrsula mais que depressa comprou duas passagens para a Paris e avisou a jovem Dulce:
" Embarcamos amanhã, faça suas malas! É sua oportunidade!"
Dulce não teve tempo de pensar, e ao vê-la embarcar, o galanteador Olavo sentiu que a perdera para sempre.
Apesar de deixar o noivo, Dulce não se sentia triste, pelo contrário. Tinha um excelente pressentimento.
Dito e feito. No desembarque um afilhado de tia Úrsula as esperava, um francês de encatadores olhos azuis e cabelos clarissimos, chamado Marc.
Fora amor a primeira vista! Tia Úrsula adiou a viagem para um mês e quando voltou ao Brasil, voltou sozinha.
Dulce ficara com Marc. Tia Úrsula tinha dado a ela seu apartamento na Champs Elysee, e assim que ela concluisse seu curso e ele terminasse a faculdade, casariam-se, mas no Brasil.
Dois anos depois do casamento, Dulce e Marc voltaram para o Brasil, trazendo consigo uma linda menina a quem chamaram de Úrsula em homenagem a tia que os unira.
E Dulce, levava sua vida parisiense cheia de amor e doçura, como deveria ser.

Um comentário:

  1. Gabi, tens aí uma "caixa de pandora", no sentido da curiosidade e não da maldição...Adorei este texto doce e suave...até o próximo passeio no casulo..bjs

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