27 de outubro de 2009

Desapegos do casulo

O casulo se faz cada dia mais apertado. Chega a ser claustrofóbico.
E todos os movimentos que eu faço para melhorar, tentar me mexer, só me apertam cada vez mais.
E mesmo ainda estando dentro do casulo, sinto que se aproxima o dia do voo.
Quando a gente é crisálida não é fácil pedir colo.
A gente se acha suficientemente crisálida e acha que tem coisas que nenhuma borboleta mais velha precisa nos ajudar.
Mas pera lá, eu disse tem coisas, não disse tudo!
A gente, mesmo sendo crisálida, mesmo estando dentro do casulo, mesmo que o voo de aproxime, a gente precisa de colo, de carinho, de aconchego.
Não é fácil desapegar da idéia de casulo, onde tudo é quentinho, familiar, fácil, confortável.
Acho engraçado ver as minhas lagartinhas, porque elas são tão pequeninas ainda, se arrastando na estrada da vida com um sorriso no rosto.
E sinto às vezes, porque sei que minhas lagartinhas terão muitos anos pra desfrutar das alegrias do casulo... Os meus já passaram...
Passaram tão rápido que chega doer quando lembro que não faz muito tempo eu era a lagartinha mais feliz do casulo, e era a alegria dele!
De como todos me paparicavam tanto, de como era sossegada e alegre e vida no casulo.
Eu andava pra lá e pra cá, sonhando em ser borboleta, até que um dia... puff!
Aqui estou eu, prestes a ser borboleta, nostalgiando os meus tempos de lagartinha.
As coisas aqui no casulo não estão fáceis...
E mesmo com todo esse aperto, dentro e fora de mim, eu juro que me esforço pra fazer o melhor que posso, pra tentar participar das coisas no casulo, mesmo que, porventura, seja intromissão da minha parte.
Eu juro que tento, que me esforço pra fazer parte das coisas no casulo.
Só Deus sabe quanto doeu quando eu tive que deixar todos os meus lá na festinha pra ir peitar um ensaio de voo!
Quanto dói o desapego, quanto dói saber que nessa vida, eu nunca mais serei uma lagartinha!
Ah, se eu soubesse que ia passar tão rápido eu tinha pego o primeiro Expresso para a Terra do Nunca, ou tinha sequestrado uma fada pra ver se ela me dava o tal pózinho mágico, eu ia voando mesmo, em direção a tal Estrela que leva à Terra do Nunca!
Mas agora não dá mais tempo, o Expresso já saiu sem que eu me desse conta, e as fadas pouco aparecem para mim...
Agora, o que me cabe, é compreender, perceber e aceitar minah condição de crisálida, e perceber também o quão bom e os privilégios que a vida de borboleta me trará...
Até agora, o máximo que eu consegui foi abrir uma conta na locadora no meu nome...
Mas mesmo com todo o aperto eu sei que o Sol vai surgir no horizonte, e meu voo será tão belo quanto eu puder sonhar!

Um comentário:

  1. Tá Lindinho Gabi, este sufoco todo vai passar, você vai ser independente, o casulo um dia será o lugar de passeio, onde você verá um brilho saudosista e belo...bons voos...bjinhos

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