1 de outubro de 2009

Like a child


Permaneço inquieta. Pensei em tudo que poderia fazer as 21:43 de uma quinta-feira nefasta, nada me agrada.
O telefone não tocou daqui pra lá e espero que ele toque de lá pra cá.
Os óculos vermelhos ficaram na bolsa.
Quase não há carros na rua, apenas a noite.
Procurando um lugar pra poder amarrar meus medos. Quero deitar numa cama macia, e ter sonhos bonitos.
Eu estava fazendo força pra cantar, minha voz estava desafinada como um ganso, embargada de lágrimas que eu teimava em esconder. E no meio de uma canção torta, lembrei da primeira vez que andamos de carro juntos e da sensação que eu tinha em estar ao seu lado.
Um filme, pequenino, um curta, fracionário, veloz, que me fez desabar como uma criança perdida, vendo seu mundo de fantasia ameaçado pela realidade.
É assim que me sinto.
E enquanto não puder ver, não sei se vou sossegar.
E todas aquelas faces me desesperam hoje. Todas aquelas mulheres me deixam enojada.
Eu penso em coisas desagradáveis, eu procurei consolo num livro mas a narrativa estava tão enfadonha quanto essa semana que não passa.
Eu quis escrever as belas histórias de Roma, mas elas me deram uma pontada onde bate ocoração, que hoje, bateu sem ritmo, sem dança, sem música.
Bateu ferido, morimbundo, cansado, largado.
Bateu feio, triste, gritante, só, com todo o amor sufocado em palavras que ecoaram na minha cabeça, mas eu tenho o dom de esquecer as coisas desagradáveis que as pessoas me falam, então, agora já nem lembro mais.
Eu me sentei aqui algumas vezes hoje, e esse espaço em branco me convidou a centenas de textos que poderia escrever. E vi as fotos das fadas, pensei em escrever um conto, mas a emoção está presa num tempo emocional doloroso.
Não há uma palavra de consolo, um carinho que afague.
Há apenas um corredor, escuro, sem nenhuma luz, por onde eu ando com medo, sozinha.
Existe apenas uma força que me faz continuar e eu nem sei o nome dela.
Se é amor, fé, esperança... Não sei e também não importa, se ela continuar fazendo com que eu ande, pra mim já está bom...
Na verdade hoje eu só queria me sentir amada.
Mas por mais que essas memórias me remetam um amor divino, a dor machuca e me faz ceder.
Essa maldita e nefasta dor.
Que come as minhas esperanças com seus gritos de solidão.
Eu só espero que tempo seja gentil mais uma vez, e que faça essa dor passar tão rapido como ela veio...
Não há ninguém pra me dar a mão...
Ninguém pra dividir um segredo...
E na verdade eu só preciso de amor, de colo, assim como qualquer criança.


Um comentário:

  1. Encontrei-te aqui presa na parede do casulo...
    Mais parece uma ninfa, não corre atrás das borboletas pois elas vão até si...parece-me bem esta arte de camuflar através das palavras...sua escrita é doce...permita-me dizer que já és a própria borboleta, só tem que sair do casulo...amei tudo desde sílabas até a formação total..Parabéns pelo blog...

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