22 de outubro de 2009

Yago

Deus lhe confiara uma vida, e lá estava ele olhando para o bebê diante de sua porta.
Tomou-o nos braços, o pequenino dormia. E no moisés, um bilhete que dizia:
" Aquela viagem, nós jamais a esqueceríamos, e agora você não pode esquecer. Cuide bem do Yago, por enquanto não posso cuidar dele, mas garanto que você será um bom pai. Se puder, registre-o no seu nome. Boa sorte! Yulia."
Pedro não sabia o que fazer. Era médico, recém formado, vivendo numa bela casa em Jardins, e agora, sem mais nem meio mais, aquele pequenino lhe fez lembrar de coisas que ele já havia esquecido.
Yago... Que belo nome Yulia havia escolhido para ele. De fato, jamais duvidaria da palavra de Yulia, posto que sabia que fora seu primeiro homem...
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas!
Não estava desesperado. Só um tanto aflito. Jamais havia segurado um recém nascido tão próximo de seu peito, jamais havia sentido o cheiro de bebê tão de perto.
Uma onda de emoção invadiu-lhe o coração...
Faria de tudo para que aquela criança tivesse o melhor pai do mundo. Não lhe deixaria faltar nada, nem dinheiro, nem carinho e muito menos amor e atenção. Ele que crescera sem pai, sabia o quanto era doloroso o descaso.
Pegou o moisés, levou para dentro de casa. Teodora, a empregada já dormia.
Não queria ligar para sua mãe ainda, ela também já devia estar deitada.
Yago dormia profundamente.
Pedro colocou-o no moisés e colocou o moisés em cima de sua grande cama.
Sentou, passou as mãos pelos cabelos escuros. Respirou.
Foi até o banheiro, lavou o rosto.
Chorou. Chorou muito.
Não sabia porque, mas havia algo mágico, lindo e envolvente nessa criança que dormia no moisés.
Olhou-se no espelho. Talvez Yago fosse parecido com ele. Será que teria os seus olhos verdes?
Seria um garoto muito bonito.
Sentiu-se triste, pois sabia que o menino cresceria sem mãe.
Voltou ao quarto. Yago dormia.
Então respirou fundo, pegou o telefone e ligou para Luiza.
" Lu!"
" Oi Pedro!"
" Você pode vir até minha casa?"
" Pedro, já são uma hora da manhã!"
" Eu sei, mas aconteceu algo inesperado. Alguém tocou a campainha de casa, quando eu abri tinha um moisés com um bebê. e um bilhete! Lu, é meu filho, meu filho e da Yulia, lembra dela? Eu não sei o que fazer!" e começou a chorar.
" Meu Deus! Calma Pedro, em vinte minutos eu tô ai!"
Vinte não, dezoito minutos depois lá estava ela, na porta da casa. Quem abriu foi Teodora.
" Dona Lu?"
" Oi Teodora, cadê o bebê?"
" Do que a sra tá falando?"
E se dirigiram ao quarto de Pedro.
Ele estava deitado na cama, ao lado de Yago, que estava acordado, sorrindo.
As duas pararam. Pedro tinha lágrimas nos olhos.
" Ele não é lindo?"
Luiza se aproximou.
" Sim, lindo como você!"
E pegando na mão de Pedro, sorriu docemente.
" Não se preocupe, vai ficar tudo bem, nós vamos cuidar dele!"

3 comentários:

  1. Gabilinda, fez me viajar neste texto, por um momento tive a impressão de estar a ler um dos romances de escritoras européias das quais gosto imenso. Você tem talento, use e abuse dele...beijinhos e um fim-de-semana colorido para ti.

    ResponderExcluir
  2. Hey Gabirobaa!!
    Quanto tempo a gente não se fala hein?!
    Ao meu ver, me parece que o tempo é aliado teu, os teus textos estão evoluindo fantasticamente, muito bons MESMO!
    Passa no meu blog quando você tiver afim de ler algumas coisas sobre uma personalidade inconstante.
    Um beijo Gabiroba

    ResponderExcluir