12 de fevereiro de 2010

A aventura continua...

Caros leitores e amigos,
A saga da borboleta continua, mas fora do casulo.
Para aqueles que me acompanharam e me deram força nos dias do casulo, os meus mais profundos e sinceros agradecimentos. Sem vocês não teria sido a mesma coisa!

E agora, convido todos vocês a acompanhar os rastros de tinta que deixarei no céu!

www.umrastrodetintanoceu.blogspot.com

Para aqueles saudosistas, inclusive eu, deixarei o casulo intacto para visitações!

E sejam muito bem vindos! E a aventura continua!
Vamos voar!

Obrigada!
Gabi Sikorski

5 de fevereiro de 2010

E a Borboleta saiu do Casulo...

O casulo se fez apertado como nunca. Não podia nem respirar.
Comecei e me incomodar, fui me mexer.
Foi então que ouvi barulhinhos estranhos, como se algo estivesse quebrando.
Céus! Era o casulo!
Mas como assim, já estou pronta? Já é tempo de sair do casulo?
A natureza respondia a minha pergunta.
A luz vinha de baixo, clara, casta, infinita e serena.
Podia ver meus pés e minhas asas sendo iluminados e fortalecidos por ela. Um misto de medo e alegria invadia meu ser e tomava conta de todo meu âmago.
Sentia borbulhar uma série de cores e sabores dentro de mim mesma, e ao mesmo tempo sentia uma paz estranha, tão paz, mas tão paz que me deixei levar.
Deixei a luz adentrar sem impecilhos e medos.
Mas também sabia que sair do casulo requer esforço meu também.
Então respirei fundo...
Olhei para as paredes do casulo, todas cheias de palavras, de traços, desenhos, fotografias, sorrisos, carinho, ternura, infância, amigos, abraços, beijos, corações, família, cumplicidade,compreensão, estrelas, amores, aventuras, goiabeiras, jaboticaba, amora, melancia, berinjela. Frutas, chamego, adoração, calafrios, lágrimas, tristeza, saudade. Vida, crescimento, evolução, mãe, avô, irmão,pai, paidrasto, tios, tias, priminhos, amigas, amigos, vovó. Presentes, Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia das Crianças, Cabaninha, Histórias. Bacalhau, sopa, pão, queijo, uva, suco. Aniversários. Cama elástica, Barbies, bonecas, chá da tarde, xícaras de plástico, canequinhas, quartinho de briquedo. Corredor. Instante, esperança, ato, fé, fato. Deus. Tudo.
Tudo ali diante dos meus olhos. E anos se passaram diante dos meus olhos, anos que eu jamais imaginaria que passariam tão rápido.
O casulo se rompeu sem que eu percebesse, e agora a natureza diz que estou pronta, que é hora de deixar o casulo, hora de voar.
A gente acha que tem o controle das coisas, acha que vai saber quando o casulo for se romper. A gente se prepara, mas a gente definitivamente não tem o controle de nada, não sabe de nada. Quem sabe é a Natureza, a Vida.
Elas sabem de nós. Deus sabe de nós. E nós a medida que crescemos e aprendemos, tentamos nos conhecer melhor. Tentamos seguir o que sentimos e fazer aquilo que acreditamos.
Mas no fim das contas, a Natureza age por ela mesma, porque ela sabe quando estamos prontos.
As lágrimas desciam pela minha face, mas eu sabia que não podia continuar ali.
O que seria de uma Borboleta com as asas prontas, prostrada no casulo por medo? Não seria digna de minhas asas.
Não daria orgulho a Borboleta Mãe que tanto fez pra que eu fosse a Borboleta mais feliz do Mundo, do Universo. Nem a todas as pessoas que se dedicaram e cuidaram de mim, se doaram para que eu fosse uma pessoa melhor e mais feliz.
A Natureza se anunciava, era preciso deixar o casulo e voar.
Então, eu respirei fundo novamente. Acreditei em mim como nunca.
Eu tinha asas, eu sabia que tinha asas e elas eram feitas para que eu voasse! A Natureza, a Vida, elas haviam me dado asas para que eu voasse, não podia ficar parada!
Então vamos...
Devagar eu ia me mexendo, doía um pouco e era estranha, mas eu me deixava deslizar e me empurrava para fora do casulo.
Sentia o vento de fora batendo nas minhas asas recém saídas.
Conforme eu descia, mais as paredes do casulo ficavam longe de mim, e mais as minhas asas queriam voar. Longe só fisicamente, porque dentro de mim oo casulo é uma chama eterna.
Ia descendo, descendo, movendo as asas e fazendo força.
Era um parto, o parto em que eu era o bebê e a mãe, e fazia força para nascer e parir.
Então... a Luz!
Olhei para cima, lá estava a Árvore.
A Árvore que me guiou, que me sustentou, que é o alicerce do meu casulo e de todos os casulos de todas as borboletas. A Árvore de Amor, de Luz, de Paz.
A Árvore que se chamava : DEUS!
Eu olhei para ela... Via Deus em forma de uma Frondosa e Amorosa Árvore.
Meu coração e meus olhos se encheram de lágrimas de amor e alegria.
Havia saído do casulo, estava viva, tinha conseguido.
Então um Sopro Divino da Árvore me disse:
" Saíste do casulo, mas não temas. A Árvore que sustenta o casulo te guia e te ilumina sempre. Não tema a vida, Borboleta, se tens asas é para que voe! Então voe em busca do seu Destino, vá em busca daquilo que acredita, aqueça suas asas com seu voo, mas lembre-se sempre que aquecer primeiro as asas do seu coração! Não deixe que nada a apavore, pois a vida é boa a justa para todos, por mais que as vezes enxerguemos apenas dificuldades! E por falar nelas, saiba aproveitá-las para que elas façam de você uma pessoa melhor, mais decidida, e mais crente em si mesma. Voe Borboleta, encontre os horizontes dos seus sonhos, pinte o céu com as suas palavras mais belas, leve o que você tem de melhor ao mundo! Você pode ter saído do casulo, mas ele será sempre o Bom e Velho Casulo, e estará sempre de portas abertas pra você! Quanto a mim, eu te guiarei, confie em mim!"
Sentia muito amor e confiança dentro de mim. A Árvore me inspirava tudo aquilo que eu mais necessitava!
Minhas asas tiritavam.
" Mas tenha calma. Voa primeiro com a Borboleta Mãe. Ela é mais experiente, já voou mais e já aprendeu mais com seus voos. Ela te guiará no teu primeiro voo! E eu guiarei vocês!"


http://www.youtube.com/watch?v=fjduur9YyVA

2 de fevereiro de 2010

Zelo

Os dias tem amanhecido quentes e ensolarados.
Os primeiros raios de sol adentram o casulo com graça, tocando minha face, despertando-me para o dia que se inicia.
Ainda estou no casulo, mas ele se torna cada dia mais fino e mais sensível, por isso as vezes fico estática, não faço movimentos bruscos. Deixe que ele se rompa naturalmente.
Todos os dias o carinho e o cuidado das pessoas tocam meu coração. É nas mais simples coisas, num telefonema, num abraço, numa camiseta hering, em guadarnapos feitos a próprio punho, em cafeteiras,talheres, potinhos, secadores, grills, em preocupações com onde vou dormir e se é mais barato comprar colchão pela internet, onde vão levar minha mudança, qual é o caminho mais fácil a se fazer até a rodoviária. Preocupações carinhosas, que me deixam cheia de força e coragem pra enfrentar a nova vida fora do casulo.
Por ora está bom. Já pintei a parede do casulo por hoje, e espero que vocês entendam que é difícil sentar aqui para escrever as coisas que vão em meu coração, volta e meia quero chorar.
Mas vamos com calma, um passo de cada vez.
Eu espero com paciência e amor as coisas acontecerem. Ansiedade só atrapalha.
Vamos curtir os raios do sol, a alvorada, as flores e o ar puro por aqui.
E que o voo seja tão bonito quanto as demonstrações de carinho e preocupação que tenho recebido durante todos esses dias...
Obrigada...

27 de janeiro de 2010

Quase

Férias me fazem perder a noção do tempo. E hoje eu me reencontrei no tempo.
Está chegando.
Me reencontrei porque estava mesmo perdida, achei que o que aconteceria longe, acontece daqui a pouco. O ontem já foi e o hoje é pra já.
Levei um susto.
E nessa mais uma rachadura se fez no casulo. Agora já vejo tudo o que acontece lá fora.
Vejo as árvores e as flores. As pessoas.
Sinto os cheiros. Cheiro de chuva, de comida, de poluição. Cheiro de tudo.
Ouço os barulhos, os ruídos, as canções.
Os meus sentidos se abrem e começam a despertar para o que há fora do casulo.
Embora a visão fique um pouco turva as vezes, eu consigo enxergar que o mundo lá fora é bonito e colorido. Mas também é real, e sendo assim, pode ser frio e cinza às vezes.
O voo se aproxima, mas ainda estou no casulo.
Vejo e sinto, mas não com a visão panorâmica que terei no voo.
Minhas asas se amadurecem a cada dia, mas é estranho pensar que já estarão maduras quando o casulo se romper. Ainda ontem era uma lagartinha.
Mas não adianta pensar assim. Tenho que pensar que a Mãe Natureza é sábia, e que se o casulo se rompe, é porque estou pronta pra sair dele.
E por mais difícil que pareça essa saída eu sei que preciso dela pra fortalecer minhas asas. As de fora e as asas da alma.
Que a vida e o tempo sejam carinhosos comigo durante esses dias. E que eu seja forte e corajosa, pois o meu voo se aproxima e então... eu voarei!

25 de janeiro de 2010

Voe!

Um passo de cada vez, tentando correr o mais rápido que posso.
É tudo tão rápido, quase não tenho tempo pra respirar.
Um segundo. E o mundo está a sua volta.
Abre-se uma espiral de luzes e cores. Luzes e sombras. Luzes e possibilidades.
Nada a dizer, apenas entre.
Arrisque-se.
Viva.
Jogue.
Aposte.
O jogo que você joga, mas as regras não são suas.
Possibilidades. Estradas, estrelas, multidão.
Coração.
Você não está sozinha nessa, mas ninguém pode se mover por você.
Se você não der seus passos, ninguém dará por você!
Se você não se arriscar, não saberá como sua vida poderia ter sido.
É tempo de possibilidades, tempo de descobertas.
Desapego. É tempo de desapego.
De encarar seus medos, seus próprios fantasmas.
O casulo se rompe, a redoma de quebra.
Agora.
Escolhe.
Vá ou fique.
Lute ou perca.
Vença.
Acredite.
Ore.
Portais e portais, eles se abrem, mas eles se fecham. Decida-se.
Vai ou fica?
Algumas decisões mudarão toda sua vida. Essa é uma delas.
Então vá.
Não deixe que suas asas definhem por medo, ou por nada.
Não deixe que a chuva a detenha, mas seja prudente com os relampagos.
Não se assuste com trovões, são barulhos. Tenha medo de si mesma.
Não deixe que elogios enalteçam demais para que não se perca.
Não deixe que críticas a façam fraquejar. Dobre-as, tranforme-as em combustível.
Recolha as pedras do caminho, faça seu castelo. Tenha coragem.
Aqueles que realmente a amam estarão com você, te apoiando, incondicionalmente.
Siga seu coração, ouça sua intuição!
VOE!

22 de janeiro de 2010

Pássaro Negro

No começo, me fiz de cega. Fiz toda força do mundo pra não ver o que você tinha se tornado.
Jurava que era só uma fase, um deslumbre seu, fazia força pra acreditar que você só estava encantado demais com as inúmeras possibilidades que surgiam a sua frente.
Eu queria estar enganada. Queria mesmo que você aparecesse um dia como o irmão mais velho que nunca tive, e devolvesse a cumplicidade e confiança que eu depositei em você, e você, com todo seu egoísmo quebrou e pisoteou na minha frente.
Talvez você não tenha percebido, ou ache mesmo que quem mudou fui eu. Vai botar a culpa no tempo, vai dizer isso e aquilo, mas é muito fácil atribuir os próprios fracassos e dificuldades a outra pessoa, principalmente quando ela está perto de você.
Você foi a minha maior decepção de todos os tempos.
E mesmo depois que você começou a tirar sua máscara pérfida e suja eu ainda fazia por te defender, de coração. Dizia as pessoas que te condenavam que você só estava deslumbrado com a sua carreira que se iniciava, com as suas novas possibilidades.
Mas eu estava enganada. Na verdade, eu sempre estive certa em pensar que você era fraco.
Que você deixa um elogio medíocre enaltecer seu ego, deixa com que mentiras brancas façam de você uma pessoa mais feliz.
Você e seu egoísmo afastaram todos aqueles que você costumava chamar de amigos.
Eu sou mais uma pessoa que você acrescentou na sua lista de Gente que eu Decepecionei.
E olha, são muitas as pessoas, hoje eu vejo que eu não sou a única, e a sua lista podre tem muito mais pessoas do que você imagina.
Hoje eu tenho pena de você, pena do que você se tornou. Mas eu ainda rezo pra que você se encontre um dia.
É triste pensar que eu perdi o único amigo de verdade que eu tinha, ou que eu achava que tinha.
Você não merece o apelido que leva, mas se for levar pra outro sentido, de colibri amigo, você se tornou um pássaro negro e vazio, que voa pelo céu achando que é uma grande águia. Pobre de você, espero que você se encontre.

21 de janeiro de 2010

Sapatilhas


Sapatilhas, graça, tule, fitas, barras, plies.
Nada disso me serve. Serviu por um tempo, um curto tempo onde eu era pequena, mas acabou.
Tentei por algum tempo me adequar no padrão da doce menina bailarina, que encheria a casa de alegria e saltos. Doce engano.
Não tinha sustentação, não tinha flexibilidade, não sabia girar, não sabia saltar. Era delicada, mas naõ pra uma bailarina de clássico. Não como pediam.
Não tinha modos, não tinha jeito, não tinha talento, não tinha porte, não tinha postura. Não era bailarina, e não nascera para tal.
Frustrada por algum tempo, mas quando a gente cresce a gente entende que nem tudo é para todos. E hoje eu vejo que a cada dez bailarinas, duas realmente tem talento, postura, graça, porte e discernimento pra levar a dança adiante seriamente.
O resto são deslumbradas ou meninas que simplesmente conseguem dançar bem.
Mas nascer pra ser bailarina, são poucas.
Acho que me azedei com essa história de ballet.
Na verdade, acho que me deixei azedar.
Mas que aquelas que realmente acreditam em seu potencial, em sua capacidade, tem força e talento pra seguir adiante na estrada da sapatilha, boa sorte. E que cuidem dos seus calos e olhos de peixe, porque eu dei sorte de não ter estragado meus pés com a sapatilha...E que também tenha consciência que pé de bailarina só é bonito dentro da sapatilha!