30 de setembro de 2009

Infinita Eo Ire Itum

Vivemos num baile de máscaras em pleno séc. XXI. Belas máscaras da hipocrisia e da falsidade, que, depois de tiradas causam imensa angústica e vazio no âmago de quem as veste.
Os homens, que conseguiram ultrapassar as barreiras da comunicação, que deram um salto enorme à tecnologia, que saíram das cavernas para criar carros que falam e máquinas que voam até os demais planetas do Sistema Solar, se veem cada vez mais perdidos, buscando um sentido para suas vãs existências.
E nesse sentimento "neo-barroco". ele mergulha em anti-depressivos, psicanalistas e livros de auto-ajuda.
Procurou em todos os lugares, todas as áreas da ciência e da tecnologia, mas ainda sim se sente incompleto.
Ora, procurou em todos os lugares exteriores à ele, mas se esqueceu do lugar mais simples e mais próximo de si: o seu eu interior!
O homem, com medo de olhar para dentro de si, com medo do que poderia encontrar, frustrações, mágoas, rancores, preferiu olhar apenas para o exterior, esquecendo-se de que não basta o dia se anunciar belo e claro se as janelas estiverem fechadas para o Sol.
Em meio ao seu marasmo existencial, intensificou seus medos e suas dúvidas, sem perceber que a chave para a porta nefasta da angústia estava dentro de si!
Cabe aos homens que tiverem consciência disso, respirarem fundo, tirarem a máscara hipócrita e olharem para seu interior.
Cabe à eles perceberem que são humanos e que não devem se envergonhar por fraquejarem às vezes.
Estamos todos na nossa busca pela felicidade, pela busca por sermos melhores a cada dia.
Essa é nossa grande busca, é a nossa " Infinita Eo Ire Itum"!
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ps: créditos ao Meu Amor Noni, por ter me ensinado o significado real de Infinita Eo Ire Itum, a frase que nos uniu para sempre!

Ao vento

Já é primavera e no casulo faz um frio de dar medo.
Nenhum belo raio do Mestre Sol pra iluminar o dia...
Hoje volto aquele lugar, com aquelas pessoas levemente insossas, mergulhadas no descaso de suas próprias vidas, e fazendo força para me manter alegre e contente.
O marasmo.
É tudo que há por aqui...
E o medo de ficar aqui me ensurdece dos avisos amigos das criaturas de bem que me cuidam.
Eu quero sentir meu corpo cansado do dia, quero sentir a movimentação de pensamentos, de gente, de idéias.
Quero ter prazer em voltar ao marasmo uma vez por semana.
Quero apreciar o verde com os olhos que lhe é merecido!
Quero ver gente diferente, enfrentar escadas desconhecidas, almoçar outros temperos e ter preguiça de fazer a janta.
Quero encontrar aqueles olhos azuis me esperando.
Quero ter a certeza de que serei feliz...
Quero ter confiança que tudo vai ficar bem...

A Lua


Casta, branca, clara.
Brilha e jamais esmorece.
Alta, bela, poetisa.
No topo onde as mãos jamais chegarão.
Vida, roda, some.
Se esconde da amargura da Terra.
Volta, anuncia a primavera.
Paixão dos poetas, romanticos e puros.
Dorme serena, aparece de dia.
Eclipse, soberana, esconde.
Mata, seduz, engana.
Aquela índia que se jogou na água por ti.
Sorri, encanta.
Muda de forma, cheia, mingua.
Linda...
A Lua...

27 de setembro de 2009

Noite


O Sol se mostrou impiedoso atingindo a todos com seus raios fortes, quentes e claros.
E agora que ele já se foi, ainda continua quente;
Aqui no casulo nem é tão quente assim.
Aqui costuma ter um clima mais ameno. Quando chega a noitinha as fadas da brisa entram em ação, trazendo o perfume das Damas da Noites e a suavidade das árvores ao redor de todos nós.
Está uma noite gostosa, e fazia muito tempo que não dizia isso.
Noite clara, que pede estrelas, luas e poesia.
Por mais que seja escura, é bela.
Inebriante, sedutora. Porém, casta.
A Brisa trouxe o seu beijo a minha janela, e meus cabelos molhados refrescam-me tanto quanto o sabonete de erva doce, que deixou seu cheiro em minha pele.
Daqui do casulo posso ouvir o canto das fadas, posso ouvir o tilintar de suas asas, como pequenos cristais a voar.
Aqui no casulo está tudo em paz.
Apesar das turbulências internas e dos desassossegos d'alma, está tudo em paz.
Vai ficar tudo em paz....

17 de setembro de 2009

By your side...

Esses olhos de quem chorou... Ah, você não me engana!
Vem cá, deita aqui, não tem problema!
Ninguém é tão bom que não possa errar...
Ninguém é tão perfeito que não vá escorregar um dia.
Um dia, é só isso...
Tire o peso dos teus ombros, tire a névoa da sua cabeça. Erga teus olhos para o horizonte e veja o Dia, veja o Sol, e quando anoitecer, veja a Noite, as estrelas, veja a dança harmônica das estrelas, veja que elas escrevem no Céu um bilhete pra você!
Ainda que a chuva molhe seus olhos, o Sol vai nascer de novo, vai brilhar no Céu como nunca!
Eu sei, seus dias tem sido dificeis, mas já não importa a dor... Importa o que há dentro de você...
Sua chave, seu portal, sua paz!
Vem cá...
Eu te dou amor!
E olha, não se cobre tanto, Meu Bem...
A vida vai, a vida vem, no final somos nós mesmos...
E estamos sozinhos apenas se quisermos...
Você não está sozinho, eu estou com você!
Pra sempre!
Porque eu amo você!

Logo

E assim eu vou caminhando com meus pés descalços, caminhando sobre os cacos de vidro da última noite das garrafadas.
Um silêncio ensurdecedor até o primeiro sinal de vida.
Suspirei aliviada, ainda vivia.
E continuei e ainda estou caminhando, mas ao invés de reclamar dos pedaços pontiagudos do vidro, eu faço de conta que são pétalas de rosas arrumadas por você.
E nelas eu caminho, e veja, não sangra, não dói...
É só eu ter força, me reinventar no meu sorriso, sorrir pela minha própria imagem.
E lá estão meus olhos verdes e meu sorriso, esperando por mim...
Vou limpando o salão, recolhendo os cacos, varrendo a sujeira, passando pano no vinho derramado.
Logo vai estar tudo arrumado de novo...
Os meus pés já estão cicatrizando...
Logo a casa vai estar arrumada e vai ficar tudo bem...
Meus pés já cicatrizaram...

15 de setembro de 2009

A chuva de Potira


Cai a tarde na floresta. A ultima gota de chuva caiu.
Uma imensidão verde ameaçada. Uma menina a andar pela beira do rio.
Potira ergueu o olhar observou as árvores que lhe cercaram a existência durante anos.
Agora que sabia ler, via a vida ameaçada.
E não era preciso saber ler para ver que a Amazônia estava sendo depredada avassaladoramente por feras quase que irracionais. Feras que não pensavam nas consequências de seus atos. Feras munidas de armas de fogo e ganancia no coração. Feras essas que não pensavam no futuro de seus filhos. Feras que Potira chamava de homens.
Eles cortavam, queimavam, destruiam sem a menor piedade.
E em cada árvore cortada, um pedaço do coração de Potira era arrancado.
Não compreendia como criaturas dotadas de razão e coração podiam prejudicar dessa forma a mãe que lhes dera alimento e abrigo por tanto tempo.
Os proprios companheiros da comunidade que Potira morava estavam sendo corrompidos pelos principios capitalistas, jogando fora todas as lições preciosas que ouviram do velho índio, Acauã, uma especie de xamã daquela comunidade, sobre a importancia de tratar bem a Mãe Terra.
A chuva havia parado. Mas agora quem chovia era Potira.
Chovia pelos olhos, a chuva mais dolorida, mais penosa e mais triste.
Chovia as dores da floresta, os animais sem abrigo, as comunidades sem alimento. A Mãe Terra morimbunda clamando por misericórdia!
Chovia a dor de ver a Sua Terra morrendo a cada dia.
A chuva amarga da dor de quem sozinho não pode fazer nada. A chuva amarga da ingratidão de seus companheiros.
E Tupã?
Onde estaria o Grande Tupã?
Por que ele não descia dos Céus e não castigava os homens?
Então Potira pensou e percebeu que não seria necessário que Tupã castigasse ninguém, afinal, os homens estavam plantando a semente que renderia o seu próprio castigo!
E na margem do rio, a menina cafusa, de cabelos longos e negros, feição de uma princesa do vento, continuou caminhando, enquanto seus olhos choviam...

14 de setembro de 2009

Borboletinhas

Os cabelos louros refletem ao Sol. Tão louros que se confundem com o Grande Astro.
Os olhos mais belos e sinceros que já vi. Expressam verdade, beleza, alegria, doçura. Ora estão azuis, ora tomam um tom esverdeado sobre o azul.
São lindos! Encantadores!
O sorriso de uma menina moleca, brincalhona, mas doce, tão doce quanto mel!
A suavidade de um anjo no seu toque.
Apaixonante.
Seus pézinhos tão pequenos ainda, mas pézinhos que a levam para onde ela quer!
Tão pequena mas tão grande!
Independente, altiva, sabida.
E mesmo assim não perde a doçura da criança linda e meiga que é!
Ah, você habita meus sonhos, menina!
Não se preocupe, pequenina, eu vou esperar por você!
Enquanto isso, as borboletinhas alegram a minha caminhada!

Artifícios da beleza


Olhos, boca, pele, peitos, pernas, unhas, cabelos, cabelos, cabelos, sombrancelhas, mãos.
Tudo em ordem.
Por fora, a mais harmonica organização de um ser. Simetricamente bela.
Por dentro, uma bagunça, um descaso com a própria alma. Sujeira, desorganização interna.
Quantas e quantas mulheres não compensam suas falhas, suas desgraças, seus estigmas, suas maldades, sua frieza, com a beleza?
Já diz o ditado: "por fora, bela viola. por dentro, pão bolorento."
A beleza, essa ardilosa amiga de umas, companheira leal de outras.
E para outras ainda, só mais uma efemeridade mundana, que infelizmente vai passar.
Afinal, quem não gosta de ser bonita? De ser admirada, vista, elogiada?
E quanto egocentrismo há nos olhos de uma mulher, nos seus cabelos, nos seus pés?
Já dizem as acéfalas: quando se tem beleza, se tem tudo!
Grande engano, minhas amigas...
Porque na mesmoa velocidade que ficamos belas, envelhecemos.
E nossas peles de pêssegos passam a ser velhos maracujás.
As nossas barrigas saradas ficam flácidas, tal como nossas pernas.
Nossos peitos caem. É a força da gravidade!
Puxa vida!
Que tragédia! Que horror!
Mas é assim...
Mas não contentes com a velhice, as mulheres de hoje recorrem a medicina estética.
Botox, pilling, lifting, plástica, plástico, silicone, puxa aqui, lipa lá, remenda aqui.
E pronto! Temos a Barbie Sintética Sexagésima!
Sexy, não?
Sem falar nas meninas tão novas, usando de todos os artificios possíveis para serem cada dia mais belas!
Quanto mais cedo se tiver silicone, quanto mais magra você puder ser, mlehor pro seu futuro!
E eu pergunto: Que futuro?
A beleza é efemeridade da vida também, amadas.
Aceitem-se como são, sejam belas porque a vida lhes fez assim.
Mas nem todas pensamos assim, na verdade, fazemos força pra pensar assim...
Mas enquanto formos belas, vivamos a beleza, mas como ela é, como ela deve ser...

13 de setembro de 2009

Outro rabisco

Quando escrevo na parede há mil vozes e só há uma.
Mil indagações e uma pergunta.
É sempre assim quando se transita por alguma fase da vida.
E eu estou assim, em transição.
O casulo é muito aconchegante. E eu gosto muito daqui.
Mas borboleta que não sai do casulo não pode voar.
Pra voar eu preciso deixar o casulo.
Não é fácil deixar tudo aqui.
Minhas paredes, minhas letras, meus cheiros, meus sorrisos, meus afagos, meus carinhos.
Pedaços de mim em forma de gente, que se locomovem, falam, pensam, às vezes muito diferente de mim, mas ainda sim são pedaços meus.
Poderia estar chorando ao pensar em deixar o casulo.
Mas a concepção de casulo em casulo me fez mudar a minha ótica.
Agora, eu vejo as coisas com mais clareza, embora ainda esteja no casulo.
E é aí que está o bonito da vida...
A gente muda a todo instante...
E pra finalizar a minha tinta de hoje, eu deixo aqui na parede um verso do meu amigo português pra quem quiser pensar na vida...

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades".

Boa semana!

Primeiro rabisco

A parede ainda está branca. Começo aqui a saga das letras que vão enxer o casulo de idéias.
Enquanto não posso sair daqui, é aqui que eu escrevo.
O casulo. Meu casulo.
Feito como deve ser um casulo. Digno de uma borboleta semi-pronta.
Com asas sedentas de ar, lugares, paisagens. Mas que ainda não podem voar.
A minha letra vai pintando a parede do casulo, minhas frases vão dando forma ao branco. Agora preto e branco.
Esse é meu casulo.
E sinta-se bem vindo para visitá-lo.
Mas olhe, não se meta.
Num casulo de uma borboleta não se mexe, não se cutuca.
A não ser que ela queira muito sua ajuda.
Aliás, há um número de pessoas bem restritas que eu deixo entrar no meu casulo.
Algumas pessoas da família da borboleta, alguns pouquissimos e raros amigos, e é claro, o dono do coração da borboleta!
Que enxe a parede do casulo de amor e cores magníficas!
Que ilumina a vida serena e escurinha no casulo, e traz mais cor, mais vida, mais luz e movimento!
O impulsionador de voo, o animador de asas! O grande Noni.
E assim vão passando o dias no casulo.
Enquanto a borboleta não pode voar, ela escreve.