10 de janeiro de 2010

Desapegos do Casulo

E mais uma vez me deparo com as rachaduras do casulo. Rachaduras que vem acompanhadas de luz do sol, mas também de um pouco de chuva e trovões.
Agora já sinto a água bater nas minhas asas, e também o medo dos trovões e relampagos no céu. Meo de que me atinjam, mas não tem problema, posso voar mais alto que eles.
Procurando uma flor pra habitar, esperançosa em meus planos cheios de cor de rosa e sorrisos, o que encontrei não era bem o que imaginava. Faltou harmonia. Bateu o desespero.
As coisas fugiam do meu controle mais uma vez, e aquilo que havia planejado não era o que eu via.
Então, o Meu Animador de Asas, Impulsionador de Voo, o Grande Noni, com suas palavras carinhosas, alertou-me novamente:
" É só mais um aviso da vida pra você não fazer planos. Quando não acontece como o planejado, você se frustra. Deixe a vida fazer, deixe as coisas acontecerem."
E pimba, lágrimas pra todos os lados.
Minhas asas, que eu abriria tão em breve, confinadas a falta de liberdade da tirania da convivência, imposições mal feitas, tonalidades adversas, dois segundos pra pensar.
Logo eu, uma lagartinha criada num grande e majestoso lar de sonhos, cheio de amor e conforto, protegida sob as asas mimosas e queridas da minha Borboleta Mãe, cheia de afagos de todos aqueles que me rondavam, com um grande espaço para andar, correr, saltar, correr de novo, plantar sementinhas e rabanetes, com muito verde, jaboticabeira, goioabeira, amoreira, e sonhadeira. E puff, tudo isso compactado, sem nada dissso, num pequeno lugar, num canto, que não seria tão meu assim. Não como imaginei.
E Ele, o Grande Noni, a escutar a acarinhar-me com suas palavras e seu amor. E logo em seguida, a Borboleta Mãe, a me consolar com sua compreensão materna, seu carinhoso conforto em palavras, suas doses homeopáticas de realidade.
Não era mais uma lagartinha, e mesmo quando for uma Velha Borboleta, sei que terei pessoas maravilhosas e encantadas pra fazer o meu jardim mais lindo e amoroso.
Então, no lar do Grande Noni, a Borboleta Sogra a me consolar com sua vivência, sua história semelhante, e sua dedicação sorridente. Todos impulsionando e alertando, sorrindo, acarinhando, despertando.
Então, percebi que falta apenas o Voo, e logo poderei escrever não tão somente na parede do casulo, mas em árvores, em flores, no céu e em estrelas, e onde mais eu puder alcançar.
Que minhas asas sejam fortes pra suportar toda a tempestade e todo o frio, e que eu seja uma Borboleta Corajosa e cheia de coisas boas no coração, pois sei que são elas que estão me fazendo amadurecer as asas.

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